segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Sir

Dane-se a felicidade alheia, o dia dos pais e as propagandas mal elaboradas do refrigerante  'DOLLY'
E se o meu amargor diante da sua perda é real independente de dia, data ou hora, não me interessam os presentes, nem os almoços de família.
Enganei-me ao pensar que o tempo acentua a falta ou a presença obesa da sua perda. Hoje percebi que diante da sua criatividade exacerbada e palpável senti um embargo. Talento que embarga.
Ainda consigo sentir seu perfume forte depois de cada ida ao banheiro. Vejo os cabelos começando a serem coloridos pelo tempo, seu pouco tempo, curto tempo. Molhados.
De onde veio essa mania de molhar a cabeça todo tempo como quem refrigera a alma, as ideias, limpa os pensamentos. Eu nunca te perguntei.
Essa mania que te fez acreditar que tudo ficaria bem e que a dor no peito passaria enquanto suas veias sufocavam sem dó nem piedade seu tão imenso coração.
Por vezes durante um momento comigo mesma consigo ver e ouvir seu jeito, suas expressões, sua voz imponente quando você jogou a toalha e percebeu que a água na cabeça não estava fazendo o trabalho desejado.
Frustração.
E então - 'não da mais pra mim' falou. Estaria você dizendo algo para si mesmo nesse momento?
esteve.
Quase um ano depois, quase um ano nos separa e nada mudou desde a sua viagem. Ambas viagens.
Só permanece. Tudo permanece. Você permanece.

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