sábado, 13 de agosto de 2011

'não era preciso dizer muito daquele dia em diante, mas o sentir... esse gritava, era intenso'


Lá fora a música toca alto no play, ouço risos, vozes. Sinto o cheiro da bebedeira rondando toda a varanda e inebriando meia dúzia de pessoas comuns com muito para mostrar. Seus corpos espáticos e eufóricos, sinto uma angustia quando me percebo tão inerte e fraca em cima de um tapete semi limpo, dotado de visões e histórias, segredos jamais revelados. A noite passou rápida entre idas e vindas, vozes, pessoas interessadas mas pouco interessante. A indiferênça rondando solta no lado de lá. Tudo isso me soa um tanto lascivo e ao mesmo tempo tão imaculado. Pode?

"guardava dentro de si um pensamento intenso..."

Penso que durante o caminhar nessa estrada longa e cheia de curvas perigosas nós fomos nos perdendo.
Meus olhos não querem fechar, mas a cabeça dói pedindo descanso. Todos os dias que vomito na privada uma podridão que não consigo deixar permanecer, sinto um alívio porque é alí que deixo também todas essas coisas pueris, essa banalidade tola, esse amargo, ácido, quente e fétido das palavras que farfalham nos meus tímpanos, aquelas que você emite tentando me convencer com mentiras crédulas. Enquanto minha mente está cheia e contaminada, sinto meu estômago esvaziando o que não posso fazer parar.
É tétrico ver o quão escravo de mim consigo ser, enquanto o outro está lá fora gozando de liberdade e sorrindo.