sexta-feira, 3 de abril de 2009

"Que bobagem, as rosas não falam, simplesmente as rosas exalam"




Enquanto esteve sentada ali naquela mesa de bar, Linda pode perceber e analizar tudo o que vivera até aquele presente momento. Com uma cabeça lotada de pensamentos girando a dois mil por segundo, de tal forma que ela quase não conseguia destinguir. No meio de tudo aquilo, no meio do nada que também era dela, ela chegou a conclusão de que tudo havia não só sido válido, mas contribuira para que fosse o que ela é. Não que ela se ache perfeita, ou aquela que não precisa de reparos, mas ela soube desde algum tempo, que não havia só mal, não só nela, quanto em tudo o que ela vivera até alí. De todos os medos que ela tem, o medo de não ter é o que mais lhe assombrava, não era exatamente o medo de perder, mas o medo o terrivel medo de não ter não sentir que possui nada, nem seus próprios pensamentos, como se não fossem dela e sim implantados por alguém. Medo de não possuir, porque pior do que perder, é nada ter a perder. Sentada naquela cadeira de acabamento bonito e cor escura, lindi percebeu o quanto ela tinha medo, o quanto ela ainda era presa a um passado ruim, mas o quanto ela havia aprendido com tudo aquilo, sem mais nem menos, tudo levou a um algo maior e, é com isso que ela se importava alí, sentada,
Então lembrou de certa vez ter ouvido alguns "eu te amo", e logo em seguida pensou: "ama-me calada".
Como se deve manifestar o que está guardado a tanto tempo? Lindi se percebera pensando e se perguntando, sobre tudo, em tudo. Percebera que perdeu muito por ficar calada, assim como ganhou. Lembrou que um dia amau, mas que o amor dela não tinha vóz, ele não se manifestava com palavras bem elaboradas e entonadas, mas gritava louco no silêncio da sua boca, o brilho do seus olhos a vermelhidão de sua pele. Ela falou tanto, e no entanto, não foi ouvida. Ela não ama quem se cala, mas ela ama calada.
Do tipo de garota que exala essência de baunilha pelos poros de sua péle, enquanto tomando um sorvete, assisti um filme bem mamão com açucar e só faz, pensar. Lind é tão quieta, tão reservada e tão expressiva no seu silêncio, pena que ninguém percebe. Talvez esse silêncio seja consequência de uma repressão na sua infancia, ela tinha esse pensamento consigo. 'Em alguma época da minha vida, fui impedida de falar, e hoje, eu só sei observar.' Mas ela sabe, que as formas que ela usa para "falar" são talvez tão mais eficazes quanto qualquer palavra bem falada, pensada.
E de todos os medos, de todas as situações que ficaram pra trás, ela só conseguia enxergar aquela mesa a sua frete, pensamentos como fotografia em sua mente e uma vontade inexplicável de voltar, "uma vontade parecida com a de não ter nascido."

LInd quer deixar seus bens com o cachorro e, ir viajar.


Subindo a rua querendo descer, aquele cansaço estampado no rosto, o descontentamento tão evidente, a vida me sorriu muitas vezes, nas esquinas que cruzei entrei coisas boas, ruins... Tudo e nada.
Entro em casa pensando no meu melhor lugar, onde eu posso finalmente me refugiar de tudo, de todos, as vezes sinto a sombra do medo lá de fora, me rondando. Tenho medo de começar a ver o que não existe, ouvir quem ja se calou aqui dentro da minha mente. O fato é: eu ja cheguei a pensar que dentro da minha casa eu encontraria toda,mais toda a paz e aconchego que alguém pode ter em mente. Muito me enganei, eu tenho uma vida onde tudo eu possuo, onde nada me pertence. Seria ridículo culpar algumas pessoas, que não a mim mesma, jogar pros meus pais que brigam e se ofendem, toda a culpa pelo meu ser branco e preto que insiste em cair em meio ao vão, do tudo, do nada. Penso eu que os cômodos de minha casa não são os mais acolhedores, vozes me perseguem, mas o meu eu dentro de mim, me acolhe, me recepciona e eu me escondo nele, na tentaiva louca de fazer as vozes sessarem. É tão ruim não suportar brigas e ter por obrigação, aprender a lidar com elas, a presencia-las e nem ao menos poder fazer algo que mude tudo.
Estou cansada de mim, mas mais ainda, de tudo isso aqui. Vontade de sumir pra sempre.

Mais cansada ainda dessa repetição sem fim, dessa rotina de "exaustão"