terça-feira, 12 de janeiro de 2010

na amplitude do tudo, me focando no ponto central.

4:07 am, Lindoméia alí sentada após quatro horas se sono mal dormido. No vazio de uma noite insone, ela percebe que sua existência e bem estar depende de tantos mais, mais exclusivamente dela, claro. Mais um ano se inicia e lind na condição mordaz de alguém que inoperante tenta loucamente melhorar tudo aquilo, dentro, fora, além.
Saiu para fora e sentou-se naquela cadeira de fios verdes claros, confortável, bem feita. A chuva temperava o chão de cimento batido, pintado ironicamente de cinza.Um vai e vem de pensamentos soltos. Decide pegar um guarda chuva e sair por ai madrugada a dentro, visando relaxar, espairecer, passar o seu tempo quase-inerte. Aquela angustia no peito, aquele estranho sentimento de estar fora de seu lugar, como uma estrangeira tanto tempo no mesmo país, cidade, mas reconhecendo em cada canteiro, esquina, arvoredo, a falta, a ausencia de conhecimento do mesmo.
Acende um cigarro, a rua tão deserta e escura, os pouquissimos passantes, na certa angustiados seres pela madrugada ou festeiros-felizes-freneticos, não iriam reparar seu pijama velho, o casaco que fora da avó o cigarro entre os dedos, contradizendo o que ela sempre diz sobre a dependência. Quanto mais rápido caminhava, mais tinha vontade de correr, como se tivesse fugindo de seus pensamentos, sentimentos, vida, corria com a esperança de algo passar pelo seu corpo e arrancar aquela angustia vivida, aquele comodismo indecente, preencher aquele vazio com adrenalina. O vento no rosto, os cabelos voando. Para onde estou indo. Se perguntou. Num rompante de lucidez, diminui os passos, os pensamentos a alcansaram. Então o dia começa a aparecer, a chuva começa a se condensar, virar neblina, no meio do dia que quer se mostrar. Os meus pais estão decepcionados comigo, lind pensa ao fazer o cruzamento mais próximo. Minha mãe sempre distante, meu pai sempre calado, eu fingindo dormir, deitada naquela cama dura, mentindo para eles e para mim mesma, querendo que o dia corra, que os pensamentos não se acheguem, que a vida passe ligeira e me carregue com ela até onde ela termina, fria no fim de um nada, no começo de outro. Já na rua de sua casa, lind decide, então, que aquele será um dia diferente, ela tentará resolver o que é mais urgente, encaminhar o que é preciso e acelerar o que está um tanto quanto parado. Entra em casa. Elabora uma resposta para quando sua mãe perguntar se ela anda deprimida ou gripada ou consumindo maconha.
- Não mãe, eu não ando deprimida nem consumindo maconha, maconha não me dá liga, não me tira da realidade fria, maconha nem sequer me retarda e faz rir. Eu uso mesmo é psicotrópicos com café preto e cigarros Free, mas, os cigarros só enquanto você desce para lavanderia.