quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Eu hoje to no lado de cá.

Então, para disfarçar a minha dor, eu falo de amor, enquanto bebo essa água e dou um trago no cigarro barato. Falo sobre aquilo que não conheço, riu daquilo que não tem graça e, na deplorável condição de ser vivente, vou existindo. Nessa existência insistente, vou conhecendo um pouco daquilo e daquile outro, lentamente andam as horas e, quando uma lembrança boa me vem a mente, sorriu de imediato. -Eu sorri hoje, você percebeu?
Sorri quando o vento entrou pela janela e encontrou o meu rosto. - Não, você não percebeu. E como poderia? anos e anos aqui sozinha, como iria alguém, do outro lado, perceber um sorriso meu.

-Romantismo? Deves mesmo estar ébrio..


Darte-ei um beijo de boas vindas...
Sentirei-me mais leve,confortável a medida que o tempo passar e a música no nosso ambiente começar. Vou sorrindo com os olhos, na máxima expressão que sou capaz, e então, num abraço, eu vou te encontrar. Quando nada mais tiver importancia, eu vou congelar o momento, e o teu cheiro eu vou eternizar. Ao acordar e reconhecer o seu cheiro em algum ponto de mim, de cá, de lá, eu vou reviver o nosso encontro e vou sorrir serena, então eu vou olhar de lado e lá você vai estar. Fuuuu, um sopro de vida em nós, nessa manhã tão clara.

É só confusão.


As mesmas duas músicas a mais de 36 horas, das quais 5 lind dormiu e, nas outras restantes, pensou, pensou, pensou.
Uma angustia tomou conta de mim nessa manhã cinzenta de quinta-feira. Agora, aqui sentada nessa cadeira branca, uma parte de mim quer derramar lácrimas de não sei o que, nem porque, mas a dor me invadiu tão abrupta de tal forma que não consigo controlar. Controlo, controlo sim. Casa cheia, ouço passos e vozes o tempo todo e, enquanto a euforia toma conta dos passantes, a melancolia me consome, me resigna.
Lind não sabe o porque, o porque dessa irritação, dessa vontade de chorar que vem mais forte a cada palavra pensada. Lind sente numa intensidade absurda e isso faz mal, vezenquando. Tanto tempo se passou desde a ultima vez que ela não conseguira controlar a emoção. Dor de cabeça, e uma quase pré-disposição-para-algo-que-não-sei-o-que. Essa barra de cereal com gosto de nada, essa água que desce queimando e eu tendo de sentir e observar muda, indolor, insensível. Mas uma vez sentada nessa cadeira branca, de fronte a ela, ouvindo e ouvindo, agora quem tem o tom arrogante e a ignorancia aparente, é ela. Vai me reduzindo a cada palavra proferida e eu na máxima vontade de fugir dali, não consigo nada fazer, continuo, e a medida que os segundos vão passando e a voz dela vai em fim, se fazendo menos presente, vou observando com pesar, o que virára essa "familia" estruturada na areia. Minha cabeça dói e me dói a minha covardia, complacencia e o silêncio não quisto. Então, como quem nada sentiu, viro pro lado e observo o dia que começa triste lá fora, com uma cor que poucos gostam, mas, que me consola, me conforta e me alivia.