terça-feira, 1 de dezembro de 2009

'eu finjo ter paciência.'

A tristeza me abraçou, beijou demorado, me tomou para ela, me usou, fez de mim o que bem quis. Agora ela está aqui, junto a mim, dentro de mim e, como deve ser, somos, eu e ela, uma só carne, num só corpo.

Sugarland de novo.

No play, Sugarland começa a tocar. Tomo um gole de água que é para descer todas aquela dor e palavras que não foram ditas, expostas. O meu coração bate mais forte a cada lembrança que me da boas vindas. Olho ao meu redor, observo se somente as formigas do meu quarto me observam e ao constatar, me deito na cama, olhando agora para as aranhas pequeninas do teto. Minha cabeça gira, na orbita louca que me possui, meus pensamentos sem controle nem definições. Num piscar de olhos mais longo, tento fazer com que a dor de cabeça melhore. Olho para o telefone que está do lado, na cama. Não, ninguém me ligou. Volto a posição anterior, a cabeça dói fortemente. Decido então dormir. Por favor, alguém me dê um sonífero poderoso. Numa súplica muda eu me ajoelhei aos pés do sono, desejando que ele me desejasse muito naquele momento. Num pensamento claro, a menina me apareceu, e eu que ja não governava os mesmos, me vi rente, ao desejo de estar longe de tudo, de todos. Exceto dela. Sái em busca.

'Saiba que você vai evidentemente passar por algumas rejeições,'

Meus olhos condenam o meu estado de espírito, por mais que eu queira mentir sobre ele.
Olhando pro nada, numa tentativa louca de não derramar água pelos olhos, eu ia dizendo o que vinha a cabeça.
Não pensando muito em nada, em dado momento pude perceber que era a hora de parar, de me calar, de fechar os olhos e sair dalí. Continuei sentada, dessa vez, calada.
É uma dor que não se pode dimensionar, consome, corrói de tal modo que eu não consigo respirar. Enquanto sentada na cadeira branca, ela me falava coisas que pensava a meu respeito e a respeito dela própria, engraçado, aquilo que ela proferia sobre mim, não me atingia, mas quando ela começou a falar da culpa que senti, da dor que tem, de imediato respirei fundo e num suspiro mais longo, as águas brotaram. Peculiar, perceber como me dói quando se trata dela, quando se trata do outro, do sentimento do outro, da dor do outro. Então, num golpe de coragem em meio a engasgos, eu disse como é ruim sentir como me sinto e observar como o outro sente, sem poder fazer nada, como é díficil saber que sou o maior causador da dor dela. Quando eu ja não conseguia por para fora, sequer uma palavra, eu engasguei no meu lexo e me levantei daquela cadeira. Ela me observou chorando e foi quando não pude mais respirar, começava alí, a perca de todos os meus sentidos. Perdi a noção do tempo, assim como a noção de para onde ia e, ou queria ir. Cheguei no banheiro mais próximo sem saber como, o chão ja inexistia na construção da casa grande. Sentei-me ao chão e podia ouvir ela pedindo para que eu abrisse, enquanto do lado de fora, chorando também. Engoli meu choro, como sempre fiz, quando criança. Limpei a água que invadíra a minha face. Abri a porta. Ela começou a falar de sua culpa e seu sentimento de infelicidade, por crêr que ela é quem é, foi culpada tudo, um tudo existente somenta na cabeça dela, naquele momento, o bem estar dela era o único tudo que eu tinha em mente. Eu a abracei. - shiiiiu, acalme-se, está tudo bem, você não tem culpa de nada, entendeu, nada. Só quero ve-la bem, feliz e por não ver isso, algumas vezes, eu sofro. Mas vou te ajudar, ficará bem, ficaremos. Eu estou bem.
Ela falava e falava, primeiro o soluço falava por ela, depois ela foi se acalmando. Naquele momento eu não conseguia mais chorar e nem sentir nada, era o bem estar dela, a calma dela que me importava dalí em diante, e foi se acalmando aos poucos, entre lamentações e confisões de culpa, que eu rebatia com veemencia. No fim? Bom, eu limpei o rosto dela e ela acariciou o meu. - Como se sente? penguntei com a face languida.
- Bem. ela disse com um olhar vermelho. - Você só se preocupa com os outros, não é.
- Nem sempre.
Saiu.
Minha alma dói nesse momento e até ousei derramar água, pela funte negra que são meus olhos, depois que ela se foi. Mas, logo a fonte secou. A dor é permanente e a culpa também, e, embora a fonte tenha secado, eu ainda sinto, água escorrer por dentro de mim, como se os gritos abafados, que não dei, o silêncio, que silênciei sem querer, os cortes que me foram feitos e não sangraram, tivessem resolvido, de uma hora para outra, se transformar em água jorando de alguma parte da minha alma. do meu corpo, por dentro dói, lá dentro a fonte está como nova, mas, por fora, só resta um rosto seco e lívido.
Eu amo você.