segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Emicida

Demorou e ainda não está tão claro quanto costuma ser dentro de mim.
Custou mas eu consigo perceber o que é e pode ser não sendo. Você tem um gosto de 'pré pronto' com conservantes fortes disfarçando toda sua fragilidade que julga ser perigosa. Quase causa enjoo.
Uma mente confusa de um adolescente de quinze anos que entre uma matéria e outra descobre seus percalços sentimentais, confusões diárias. Seu histórico é triste e pesado, causa penar, não é de todo ruim.
Te fez forte na sua fraqueza, te deu amplitude na sua cegueira e transformou seu ser em vezes faca, noutras flor. Porque somente um ou outro é deveras sem graça.
Sua tristeza velada transparece nos olhos dispersos e palavras soltas como quem procura e não acha, como quem foge e não sai do lugar.
Reciprocidade é um desejo universal, ainda que inconsciente na maioria. Você não sabe lidar. Lidar com a falta é mais fácil, querer o inóspito é excitante. Unilateral.
Existe uma vontade tola de te retratar uma realidade longe da sua, existe uma sensação ingênua de que com duas palavras e um chá toda essa burrice amorosa caia por terra e juntamente poderíamos acabar com aquilo que você finge não sentir, não se importar, numa busca ostensiva de não transparecer enquanto escorre o pus das feridas abafadas. Fétidas.
Divido a minha dose contigo, não por querer você, mas por percebe-la.
Percepção é raridade num mundo onde tudo se concentra nos umbigos da individualidade humana.
É tanto ego neles, em você. Um ego que esconde uma necessidade visceral de ser percebida para o que vai além do cabelo limpo e as roupas de marca. É a alma berrando um amor não correspondido, um ego ferido, uma vontade de acolhimento. Quem não espera no mais secreto do seu ser, ser única e exclusivamente acolhido. Esse seu jeito de guria desprendida, esse seu disfarce de perfeição falha, tudo o que pouco me interessa quando julgo conhecer-te  com a certeza errônea de um tolo.
É aquela falta de uma intimidade não forçada, de uma proximidade não geográfica de uma cumplicidade livre.
Vou tomar um café com aquela uma e tudo isso aqui pode não chegar a sair do papel, das madrugadas insones. Vou estar com um ou outro. Vamos. Mas um dia houve reciprocidade, saiba. E ainda há algo aqui que se fez unilateral, mas que não incomoda, afinal, tem aquelas uma's, cafés e chás. Tem noites regadas a álcool, porque eu não sou a guria perfeita e dias de sono.
Tem chá de rosas tem varanda. A gente se encontra por aí.

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