domingo, 3 de janeiro de 2010

Dormir não me parece atrativo.

Insonia, cigarro, café e um bloco de notas bem branquinho. Não preciso de muito mais, nesse começo de manhã.
Pesos de todos os dias, minutos, horas, segundos, que eu tenho que parafrasear, se não, esse turbilhão de sentir e pensar, me consome e faz de mim o que bem quer.

Agora!


Me vem voraz, viva, avassaladora. Me prende na sua teia, me tira a vida por segundos e me devolve com o jeito que só você sabe fazer. Faça, aja, me mostre, me prove. Toma de mim a minha tristeza, joga na lata do lixo, me estende lânguida, no aconchego do seu corpo. Me da paz, cor e sentido, sorriso secreto, mesmo que só por algumas poucas horas.

Ta frio nessa manhã de domingo.

Todos os dias os mesmos olhares de reprovação quando encontram a minha face, as mesmas palavras, ditas repetidamente sobre o meu comportamento, sobre minha falta disso e daquilo, sobre meu cabelo curto, minhas roupas grandes, meu aparente desanimo. Nesse verão massante e desgostoso, me olha com olhos vermelhos, me golpeia com a faca afiada do seu despreso, me alimenta pouco com a atenção que um dia eu fiz questão. Me olha de fronte, não encara meus olhos, me golpeia por trás, na forma mais covarde, mais indigna e suja. Toda essa dor que me paraliza, esse medo que me impede, esse silenciar que me enlouquece. Choro por dentro, ao ver a soberba e tirania dentro dos cômodos dividos, da casa deles. Neusea, asco, meu estomago se revira numa revolta louca, ao perceber tudo que está aqui e além. Respiro fundo, fecho os olhos, entro para o cômodo que tomei para mim, me deito. Não seguro, vomito ao lado toda a dor, os silêncios, as palavras, os olhares de cima abaixo. Merda! Saio em busca de um pano. Aquele cheiro toma conta, o ambiente parece mais vivo, agora ele cheira a algo, a desgosto, a dor a estomago revirado, revoltado, numa quase-obrigação de expor algo, já que o resto do meu ser se cala.

Que seja, se me reduzir a estomago revoltado e me ver sangrar como um porco ao levar o primeiro golpe na jogular, te faz feliz, então me jogue no seu matadolro e faça de mim a sua legria, o seu gozo..

Chove la fora, chove aqui dentro.

-E quem é o maior culpado de tudo isso?
-Eu mesma.
-Por que?
-Porque eu me meti a besta, a querer existir, quando numa explosão de sentir, eu decidi correr para o óvulo dentro da barriga da minha mãe. Com isso, depois disso, a partir disso, eu só tenho colecionado destruição, desgostos, fracassos, perdas, frustração.
-Hmmm, me de licença, preciso me retirar minha cabeça dói e minhas tripas estão se revirando novamente.
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