terça-feira, 17 de junho de 2014

Em doses homeopáticas

O relógio acusa 17:27 da tarde. Já é quase noite. Um passado próximo se faz tão presente nas mentes alheias a mim ao meu redor. Enquanto espero os minutos que caminham lentamente posso pensar naquilo que nem compras e música me tiraram o foco. A mente tem uma mania vulgar de me trair as vezes. Evitando o que pode ser. Querendo o que talvez não é possível. Não posso falar muito daquilo que vagarosamente tento conhecer e entender. Os sinais me veem confusos, os olhares se desviam. Sinceramente, eu não sei como ir. Confusão. Sinto uma necessidade prematura de estar perto de alguma forma, tal qual a criança sente quando acontece o seu desmame. E aumenta a vontade de te falar tantas coisas que ainda nem sei quais são. Quiçá não chegaram a existir concretas dentro de mim. Não se compara com elogios, não me causa dor como o amor perdido, não me faz mal. Apenas se constrói de alguma forma dentro da mente que quer evitar, sabendo que querer evitar é o primeiro passo para não se evitar nada. Enquanto se constrói uma amizade o depois fica escondido em meio aos 'não's' que são inconscientemente impostos para não causar complicações. Ilusão. Você é mansa na sua agitação e me traz algo que ainda não consigo nomear. Me deixa feliz e acuada o que poucos detém o poder de fazer. Me tira do caos dos demais que estão além. Me tira o caos. Então eu vou sentindo como algo leve, puro, porém, nada imaculado. A sua sombra me vem vez ou outra soprando a fumaça fétida do seu cigarro destrutivo, imprimindo em mim sua marca, sua presença mesmo sem estar presente. Me vem uma confusão longínqua que não quer cessar. Me vem nomes, presenças em excesso e a falta que deveria ser efêmera. E me vem você. Me vem os dias e as noites. Me vem o seu respeito bonito de observar e difícil de lidar. Então me vem a noite, com ela vem sua proximidade distante. Sua respiração próxima e minha mente relutante. Aquelas verdades não ditas. Deveriam? Serão? Minha mente me grita a falta de precisão de dizer tais palavras nesse momento. Ela sabe que é difícil lidar com mais de uma pessoa parafraseando os sentidos, o sentir. Então se cala. Me cala. Eu calo. Não que você me doa vez ou outra, não que saber do seu desejo não próximo a mim me cause mal. Nada me causa desconforto agora. Eu só consigo processar uma coisa de cada vez. Eu não me deixo ser. O dia vai correndo na minha mente tão pouco caótica. E você vai ficando tão quista que nem sabe. Não há muitas certezas aqui. Seu nariz é lindo e olhar pra sua testa foi só uma maneira de fugir. Cair em meio ao vão.