segunda-feira, 26 de outubro de 2009


No apogeu do meu egoísmo, eu me abstenho de tudo, pego meus fragmentos, e vou embora.

realidade "sonhada"



Dessa vez não era sonho, a madrugada do meu sono foi abruptamente interrompida pelo alto tom de voz que ecoava na casa jás vazia e, entrava no meu quarto pela fresta grotesca que há entre o piso e a minha porta. Eram exatas oito horas, quando o primeiro palavrão me acordou e eu não pude mais dormir. Odeio essas palavras de baixo escalão que eu tanto ouvi e, ainda ouço, direcionadas ou não, a minha pessoa. Não suporto perceber a complacência e o silêncio dela que assolam o ambiente de tal forma que sufoca, não consigo respirar. Todos os dias eu quero que isso seja só um sonho ruim, mas, como num delírio mudo, é tão real e doloroso. Ainda sinto o farfalhar daquelas palavras dentro dos meus ouvidos, dançando nos meus tímpanos e acabando com minha falsa paz. Todos os dias travo uma nova batalha, na guerrilha que há dentro da minha cabeça, dentro da minha casa, tentando por meio diversos, exterminar os meus inimigos, acabar com essa guerra que ja dura vinte anos. Não tenho mais forças para lutar, mas, continuo arduamente, não aceito a derrota, quando um dos meus homens morre todos os dias, gradativamente, sendo dolorosamente massacrado pelas armas invisíveis do inimigo que deveria ser nosso aliado. Eu acabara de perder uma batalha, e eu vi a minha melhor soldado ser fuzilada bem na minha frente, mas, eu nada pude fazer, nada, além de chorar e não dormir mais.

O que fazer, quando percebe que não é capaz de fazer nada? Quando aquela que você mais ama e deseja bom, está travando uma luta armada,contra ela e ela mesma?
Sinto uma incapacidade massacrante. Não consigo cuidar de quem gostaria, nem fazer com que algo seja diferente em suas vidas, pelo contrario, eu sou aquela que muito quer e nada consegue, observando de perto a queda dos meus personagens preferidos. Dói tanto essa impotência absurda, essa incapacidade tão visível. Gostaria de pedir perdão a aquela que tanto fez por mim e eu nada fiz por ela. mas, de que adianta? eu seria imediatamente perdoada, só que isso não tiraria de mim o peso da inutilidade, não faria de mim alguém mais capaz e menos inoperante.
Queria conseguir escrever romances, ou melhor, queria ter talento para não somente, me importar.