sexta-feira, 13 de novembro de 2009

memórias


Num dia cinzento de frio, vou caminhar até o boteco mais próximo, sentar naquele banco alto frente ao balcão, pedir uma xícara de café requentado e ler o jornal. Em seguida eu percebo olhos me olhando e, por cima do jornal, dou um espiada, não é ninguém, então vou me recordar que, ultimamente eu tenho visto coisas que não são, ouvido aquilo que cala. E, num longo e demorado piscar de olhos, vou abaixar a cabeça para tentar raciocinar com clareza. Passado um tempo, me levanto dalí, pago o centavo pelo café e caminho de volta para casa. Dentro de mim, aquela sensação de que eu tentei, que eu fiz algo diferente e por onde encontrar na esquina, um sentido para o meu existir. Ainda que esse algo diferente seja a mesma coisa, durante meses e meses. Na solidão do meu apto vazio, vou encontrar com o cheiro de mofo, de coisa velha, sentar na poltrona da sala e tentar ler um capítulo daquele livro tantas vezes aberto, nunca terminado, enquanto fumo um cigarro, sujando o cinzeiro limpo, que acabara de limpar, pouco antes de sair para "ver gente" as 6 da manhã, numa manhã de inverno, no boteco mais próximo.
E essa dor, essa angustia que perdura, sempre nas madrugadas, aparecendo com uma intensidade maior e eu..
eu? Bom, eu só sinto. E mais uma vez a dor me consome, o sentimento de solidão, a sensação de estar surtando no meio dos loucos. Não aguento mais, não tenho mais forças. Esses barulhos que não sessão, escuto por todos os lados, essas falta-de-não-sei-o-que, que não somem e não são definidas. O tempo ta passando, eu estou ficando, ficando, ficando, essa vontade de nada.

Lind não sabe mais o que fazer, os calmantes e os antidepressivos ja não fazem mais efeito. Lind está tão perdida no meio de tudo o todos.
Nesse momento, sentir é o que lind mais odeia, odeia ser sensível e se deixar afetar por tudo, até pelo fato de que aquela babaca faz distinção, porém, nem percebe, tamanha a falta de noção dela. Ah, e mais uma vez ela se encontra sentada naquela cadeira branca, ouvindo música e pensando em sumir, desaparecer de tudo e de todos. Merda! merda! lind exclama no seu intimo, gritando o suficiente para um estádio inteiro lotado, a ouvir. "Tem sido tão difícil" pensa ela, em meio as lácrimas que brotaram sem ela perceber.

...


- droga, to me sentindo mal, irritada, com vontade de chorar, ja estou chorando. Que saco !
- Se quiser falar, estou aqui para ouvir.
- que droga =[
- Então ta bom, eu vou dormir.
Boa noite, amo vc.

- não...

(ela se foi)

- não me deixe aqui sozinha, por favor.
(Não deu tempo, ela já havia ido.)


Estou perdendo os poucos e bom, pouquíssimos e sei, sinto que, a culpa é única e excluisavamente minha.