quinta-feira, 25 de junho de 2009

cenas do meu filme em branco e preto.

Me lembro que eu tinha onze anos, quando eu entrei dentro de casa e o vi passando rápido e silenciosamente pelo corredor, antes que eu pudesse atravessar o mesmo.
Na sala minha mãe falava alto, zangada, e indagando sobre ele ter me esquecido na escola e nos esquecido na casa da minha vó. Então eu finalmente atravessei o corredo, passei pela cozinha,pela dispensa e cheguei ao meu destino. Lá estava ele, de costas para a porta, deitado em uma rede, num canto escuro na nossa varanda que era realmente grande e mal iluminada. Cheguei mais perto, resmunguei algo, então ele pediu que eu me retirasse, eu insisti e continuei alí. Sentei na rede, bem ao seu lado e o abracei, dizendo que eu o amava, que não me importava de ter ficado esperando por horas e horas a fio, foi quando eu não senti o abraço correspondido, levantei minha cabeça que estava recostada em seu peito e olhei para o seu rosto. Foi a primeira vez que eu vi meu pai chorando. Ele se levantou e se trancou no quartinho de empregada.
Ainda hoje, as cenas daquele dia, passam como filme na minha cabeça, a diferença é: Naquela época eu não entendia o porque do esquecimento, nem o porque de tanto alarde por conta do mesmo, naquela época eu só via adultos chorando, hoje eu sou uma adulta (ou projeto de...) hoje eu entendo e hoje, quem chora, sou eu.

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