domingo, 19 de julho de 2015

em memória


Penso que diante da morte a voz se cala e o corpo fala por si derramando a salubridade ou camuflando tudo o que a mente insiste em dizer.
Estaria mentindo se soubesse qual a sua idade, se vê-la finalmente descansar me soa tristeza profunda e imediata. Embora seja minha vó, tenho pra mim que agora ela está melhor, haja vista que uma mãe que perde o seu filho morre em vida e perece na existência do ser. Não quero com isso compartilhar a minha dor ou amor, sei que ela sabia do amor por conta das minhas atitudes e sei que nesse momento não há mais dor ou um existir vago. Ontem foi meu pai, aos quarenta anos no auge da sua vida e intelecto intacto. Foi deixando um rastro de dor que jamais ousei parafrasear pelo simples fato de não haver palavras que se aproximem do sentimento que fixou em mim. Ontem minha vó juntou-se a seu filho caçula para enfim ama-lo de perto. Seja na imensidão do nada ou nos arredores do ''paraíso''
Em memória.

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