sexta-feira, 17 de abril de 2015

parte primeira da hora

A menina está cansada. O sentimento vai sendo saturado, cozido na banha da estupidez.
Há um exagero dentro de mim que poucas vezes consigo controlar. Há um elevado nível de emoções que não cabem nas minhas mãos, não me cabem. Transbordam.

Invade-me sem pedir permissão o gosto do gozo não quisto que causa repulsa de viver. Não sobram copos ou corpos. Me dói o descontrole que a Gabapentina me faz escorrer pelos olhos e tenta livrar meu ser. Uma palavra basta. Eu poderia ter aceitado. Preferi a destruição, mas não por escolha própria. A mente escolhe e o corpo não controla. Não é sangue de renovação que escorre feito molho pronto sobre a massa posta na mesa, não é alívio. Nada alivia. Minha mente aumenta em proporções abruptas aquilo que me chega e fere. Eu firo.

Quando os ânimos ficavam exaltados eu logo tratava de me retirar. Retirava-me do local, do corpo, da consciência. Apontou-me uma arma nas fuças, rendeu-se a loucura do seu ser. Vagabunda me nomeou. Não havia trepado com ninguém ainda os dezessete mal haviam me encontrado. Observei a boca da ignorância que me acusava num desespero que não podia ser contido por psicotrópicos. Herdei o gen do descontrole e da dor dupla. Irracionais.
Escarrou na minha cara o asco nada disfarçado de anos a fio. Havia nojo naquelas palavras. Fruto de uma foda ruim tive de reparar a juventude indo embora. Foi-se dele, foi-se dela, chegando até mim num passo lento. Mastiguei com gosto o desgosto mais parecia parafina que não desgruda do céu da boca e sufoca aos poucos a paciência do ato, engoli. Repulsava o estômago, sentia subir pela espinha o arrepio da podridão. Eu o desfrutei como quem experimenta pó pela primeira vez. Não sabia se ia ou se ficava enquanto a mente na sua esperteza burra criava mecanismos de defesa que me faziam sair da realidade. Fugi. De mim. 

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