sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

"Se a realidade te alimenta com merda..."

Ouviu um farfalhar das folhas do seu caderno posto sobre a mesa de compensado caprichosamente embalada por fórmica branca. Aproximou-se . Estava aberto na folha verde, a cor sobre a qual escrevia os textos e trechos mais positivos, esperançosos, curvou-se um pouco mais para enxergar as letras, pequeninas letras de forma " penso com certeza que, se você andar sempre pelo caminho de pedras, não encontrará flores, por mais que deseje isso. Porém, se, decidir mudar de rota, fazer diferente e andar no caminho de lá, pode descobrir um jardim inteiro, colorido e alegre, a espera do seu olhar..."
sentou-se de fronte para aquele caderno, pois-se a ler, na procura incessante de encontrar algo mais, que fizesse dela um ser vivente, com algum credo e cor, como aquelas folhas de caderno, aquelas letras mal desenhadas. E antes que pudesse se dar conta, lá estava ela, tendo com ela mesma, um encontro de ciclos, sentimentos, épocas. Percebeu então, que um dia já fora alguém verde, amarelo, vermelho, roxo, azul. Começou a buscar na mente e naquelas folhas, o momento em que passára a enxergar tudo de forma mais incolor e sombreada. Buscando explicações, porque's, sinais. Não encontrou. Mas o sentimento de um dia ter sido diferente, sentido diferente e sorrido em suas palavras, permaneceu insistente dentro dela, dando espaço para pequenos pontos de luz, como se fossem os raios de sol entrando pela janela, mas, o dela tinha cores, sabores, não queimava nem cegava por instantes. Desde então ela se alimenta de lembranças coloridas, tentando sem intimidar-se, não lembrar mais do cinza que reside nela, com ela.

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