sexta-feira, 13 de novembro de 2009

memórias


Num dia cinzento de frio, vou caminhar até o boteco mais próximo, sentar naquele banco alto frente ao balcão, pedir uma xícara de café requentado e ler o jornal. Em seguida eu percebo olhos me olhando e, por cima do jornal, dou um espiada, não é ninguém, então vou me recordar que, ultimamente eu tenho visto coisas que não são, ouvido aquilo que cala. E, num longo e demorado piscar de olhos, vou abaixar a cabeça para tentar raciocinar com clareza. Passado um tempo, me levanto dalí, pago o centavo pelo café e caminho de volta para casa. Dentro de mim, aquela sensação de que eu tentei, que eu fiz algo diferente e por onde encontrar na esquina, um sentido para o meu existir. Ainda que esse algo diferente seja a mesma coisa, durante meses e meses. Na solidão do meu apto vazio, vou encontrar com o cheiro de mofo, de coisa velha, sentar na poltrona da sala e tentar ler um capítulo daquele livro tantas vezes aberto, nunca terminado, enquanto fumo um cigarro, sujando o cinzeiro limpo, que acabara de limpar, pouco antes de sair para "ver gente" as 6 da manhã, numa manhã de inverno, no boteco mais próximo.

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