domingo, 1 de março de 2009

Destinos.

Subiu aquelas escadas, e cada vez mais e mais escadas, ela não podia olhar pra baixo pois sentia vertingens, aqueles degraus que não lhe transmitiam nenhuma segurança. Chegando ao fim do trizégimo degrau ela se deu de frente com uma porta, uma pequenina porta de ferro, pintada de cinza claro, aquelas com alguns pinos de parafuso ao redor, como se fosse enfeites, adornos a posta simples, lisa e sem expressão. Abriu a porta, entrou... se deu conta de que estava em uma sala vazia, espera ai, nem tão vazia assim, nessa grande sala havia uma estante praticamente imperseptível e sem importância se não fosse pelo caderno, um pequeno caderno desses estilo escolar, com 96 folhas em branco e linhas azuis bem retinhas. Havia alí também, um lápis. Na hora ela pensou que deveria pegar aquele caderno e aquele lapis, pois assim ela poderia registrar tudo que veria dalí em diante. Logo viu uma abertura na parede, do tamanho de uma porta, só que sem a porta, passou por ela, descobriu mais escadas, desceu mais ou menos três degraus, quando se surpreendeu ao ver, ao se perceber dentro de uma gigantesca igraja, toda bem decorada, com santos e muitos santos, um altar bem aplumado, com toalha branca bordadas com fio dourado. Lá em cima do altar ela pode ver um padre, mas aquele padre não era comum, tinha uma cara intrigante, um ar de hipócrita, um olhar malicioso. Ou seria ela a de olhar maliciosa para enxergar isso no padre?
Logo mais abaixo do altar, umas muitas cadeira, uns poucos fiéis que nem perceberam a sua chegada. Ela subiu mais dois degraus, porque naquele lugar, parecido com uma sala escolar, mais sem crianças, com uma abertura enorme na parede que dava de fronte para o altar, ela avistou uma garotinha, uma garotinha que não havia percebido sua entrada, pois estava de cabeça baixa concentrada em seu caderno, escritos seus, talvez não fosse um caderno e sim uma bíblia, ela não conseguia destinguir daquela distância. Subiu os degraus e sentou-se na ultima carteira, perto da parede coberta de prateleiras bem torneadas assim como bem vazias, logo atrás da menina de cabelo escuro, pele branca, com uns 8 anos, era o que ela calculava ao ver a menina. Ela alí sentada sem saber muito o porque estava, só sabia que ao ver aquela grande igreja central se sentiu tão imensamente atraída por ela, que não pode se conter e não ir até lá. Não ouvia o que o padre dizia, o seu sermão tão pouco. Só conseguia prestar atenção em toda aquela imensidão, quase vazia, com aquelas poucas pessoas congeladas, inertes, pareciam não pensar, não sentir, não enxergar... ela acreditava e se perguntava ao mesmo tempo. Onde estão os sentidos dessas pessoas, por que elas estão aqui? De repente, ela reparou que a menina de cabelos escuro e estatura pequena, estava virada para trás olhando para sua face intrigada, intrigante.
- O que você faz aqui? perguntou a garotinha, que agora depois de soltar cinco palavras parecia tão mais real e meiga.
- bom, eu não sei o que faço, eu só estou. Não deveria?
- Não é lugar para adultos. Eu percebi que você nunca entrára num lugar como este. Seus olhos mostram.
- realmente, meus olhos me condenam.
- Acho que você deveria escrever tudo o que ve e pensa, nessas linhas ai. (disse a menina olhando fixamente para o caderno em cima da mesinha)
- é, eu tambpém acho.
- Foi pra isso que eu o deixei naquela estante, para que pegasse e fizesse uso, sei que você fará um bom trabalho.
- como sabia que eu estaria aqui, que encontraria o caderno e entraria até aqui?
- Eu não sabia.
A garotinha se virou para frente e imediatamente ela(a mulher do caderno começou a escrever, a pensar no que escrever) havia terminado a missa e ela saiu do grande salão sozinha, não enxergava mais ninguém. - Pra onde foi todo mundo? ela se perguntava.
desceu os degraus, ao passar pela porta que dava para dentro do templo, do grande salão, ela deu de cara com o padre que estava com uma sacola branca na mão direita. Ele a olhou fixamente, ela sentiu seus ossos doerem, um vento frio tomou conta deseu corpo ao ponto de faze-la se arrepiar por inteiro.
- Parecia perdida durante o sermão, filha. (disse o padre)
- Talvez estivesse um pouco. Não sei bem porque fui parar lá.
- Em tudo há um propósito.
Ela ficou quieta, enquento ele soutava as ultimas palavras e colocava a sacola num canto, ela pensava consigo mesma, com um medo aparente de que ele pudesse estar escutando. Será que esse homem é ex presidiário, um fugitivo se escondendo? Bobeira dela, ela estava surpreendida consigo mesma, com sua capacidade de perguntas tolas e sem sentido algum.
Saiu dali e antes que pudesse atravessar de vez a sala ela avistou no meio dela uma criança sentada, um menino loiro, mais precisamente, por volta de seus 9 anos, escrevendo em um caderno e ele disse olhando pra ela de baixo para cima.
- Você tem medo de descer a escadaria?
- Sim, eu tenho medo.
- Eu vou contigo para que não se sinta assustada.
- Você faria isso mesmo?
- Sim. E você deveria escrever nesse caderno aí, folhas em branco existem para serem preenchidas.
- Então vamos. (disse ela interrompendo um breve sorriso)
Ao chegar no fim daqueles muitos degraus, ela percebera que não havia menino algum, que estava só. Então ela saiu andando reparando ao seu redor. Um garoto negro e magricela, também de estatura pequena, olhos grandes e mal trapilho, se aproximou dela e disse: - Você tem que me ajudar, eu preciso que pegue o meu irmão, meu pai está levando ele de mim e eu não posso deixar. (apontando para um homem alto, que levava um bebê pelas mãos, como uma sacola, como aquele padre segurara aquela sacola.) Ela num impeto, sem pensar uma ou duas vezes, saiu correndo, e puxou o bebê das mãos daquele senhor. Viu sangue escorrer enquanto segurava o recem nascido em suas mãos. O bebê estava sangrando, havia um corte em sua testa. O senhor alto, logo se virou para trás e indagou o que estava acontecendo. Ele era feio, barbudo e também mal vestido. Ela disse que o bebê era dela, que a mãe o havia dado para ela, assim como o garotinho menor que ele, o pai estava deixando para trás. O homem riu de maneira assustadora, e disse que ela poderia ficar com as crianças. Bastou um piscar de olhos dela e o homem havia desaparecido. Voltou até onde estava o menino magriça, e perguntou se ele não tinha mãe, onde estava a mãe dele.
- Não sei onde está minha mãe, e eu devo cuidar do meu irmão.
Então ela pegou o garoto negro pela mão e disse para si mesma que a partir dalí, ela seria a mãe dos garotos. Abaixou-se e disse:
- Vocês vão para casa comigo, e eu serei a mãe de vocês.
o menino a olhava com aqueles olhos enormes, brilhantes e alegres.
O menino a abraçou e então eles caminharam em direção a roda gigante, onde estava a porta de saída daquele lugar.
E ela pensou, se eu não sabia o que vim fazer aqui, agora eu ja sei, e é sobre isso que eu vou escrever, é o presente, o novo presente dessas crianças que eu irei escrever, para que elas tenham um futuro.

(não sei se continua...)

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